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A dotART galeria foi criada pelo casal Feiz e Maria Helena Bahmed na década de 70 e é uma galeria de arte pioneira na divulgação e promoção da arte em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, apresentando uma arte vanguardista com grandes apostas para o cenário cultural da cidade como Volpi, Ianelli e Mabe e Tomie Ohtake.

A dotART galeria fez de seu espaço um lugar para ser, pensar, produzir, experimentar, celebrar e comercializar a arte de uma forma poética. Isso possibilita, ao longo de sua trajetória, uma maior eficácia na relação entre o espectador e o objeto de arte em foco.

Através da sua programação de exposições constantemente, apresentou aos mineiros um elenco de criadores com diferentes linguagens e suportes. Crê que cada objeto de arte é um canal factível com potência de irradiar cultura, e amplia o seu campo de ação ao estimular a rede de colecionadores, arquitetos, decoradores e amantes da “Arte” com a qualidade e o frescor das criações dos seus artistas. A larga experiência e seriedade na parceria com novos valores fizeram da galeria também um posto avançado da produção mais atual da arte no Brasil e no mundo. Ao longo desses 40 anos, vários artistas já passaram pela galeria, que tem um acervo cuidadoso e especial que transita entre o acadêmico, moderno e o contemporâneo.

Aqui e agora, a dotART galeria, com planejamento e pesquisa, desenvolve um plano para a carreira de cada um dos artistas que representa. Buscando as soluções mais criativas e eficientes, apoiados em pesquisa, consultoria, curadoria, publicações e gestão de projetos para as instituições, trazendo para a superfície todo o pensamento de realizar a sua criação que proporciona o cuidar e conviver numa pulsão entre Vida e Arte.

O lugar…

A dotART galeria, em um encontro de partilha com a revista Ernesto, presenteia a cidade de Belo Horizonte com um espaço cultural denominado CASA dotART.

CASA dotART apreende 1 andar e é composta por 8 salas e está a quatro quarteirões da Praça Sete, ponto de maior movimento da cidade. Esse novo “lugar” de encontros está cercado por espaços culturais como Sesc Tupinambás, Centro Cultural UFMG, espaço Cento e quatro, Funarte, Cine Theatro Brasil Vallourec e Museu de artes e ofícios.

A casa pretende entender e vivenciar a cidade partindo da experimentação artística de cada canto, cada esquina, cada janela e cada cruzamento. Sabemos que os anos 70 marcam a saturação do Centro. A Crescente industrialização de Belo Horizonte e o crescimento desordenado da população na cidade resulta em uma área central degradada. Esses foram os anos em que a elite rompeu seus laços com o Centro, migrando para novas áreas mais nobres da cidade.

Durante os anos que se passaram, o Centro foi negligenciado pelas administração da cidade desencadeando uma alta taxa de criminalidade e esvaziamento comercial o que fez com que a região chegasse ao fundo do poço nos anos 90.

A partir de 2002, com uma proposta de revitalização da cidade, instituída pela prefeitura, maior procura comercial e ações culturais começaram a ser pensadas com maior vitalidade e artistas iniciaram uma ocupação maior da região central. Hoje, além da população geral, cada vez, mais artistas, coletivos, movimentos culturais, estão ocupando este centro urbano e percebendo o grande potencial para desvelamentos e construções em torno da convivência com o urbano, do deslocamento, do encontro e de uma organicidade que a linguagem artística pretende aferir.

 

O conceito…

As características deste tempo que vivemos parecem ser o desaparecimento progressivo dos grandes movimentos da arte, dos grandes conceitos, limites, barreiras (e mesmo preconceitos) construídos ao longo da história da arte.

Mas também vemos surgir o novo! Arte é hoje o encontro cada vez mais intenso do público com a obra, com a criação e seus deveres sociais (de conviver juntos). Vemos, na arte atual, a expansão de um conceito de casa que opera na criação: da obra, do artista, da exposição, da montagem, da leitura, enfim, do próprio espaço da casa. A partir de casa, aprendemos, a todo momento, a conviver em sociedade, a construir, a cada instante, o pensar para além da porta.

Olho mágico, olho na rua, olho no tempo, olho no território, olho de olhar diariamente o novo, isso é a CASA dotART: olhar com um contemporâneo olhar… Assim surge esse projeto: um espaço residência para o artista e criação da sua obra, casa que acolhe o céu da criação, casa em que os artistas poderão ultrapassar as fronteiras do pensar a arte. Uma ação de criação que se efetua na brevidade do instante de cada projeto desenvolvido e acompanhado na CASA dotART. Instante que pode trazer em si a dimensão de crise, do instável, da necessidade de transmutação inerente ao processo de criar.

Queremos evidenciar as diferentes culturas materiais e imateriais que são negociadas e apropriadas hoje. Conviver, estar e olhar na CASA dotART, acolher cada pensamento, dar voz à criação artística, dar o corpo como morada do artista. Sustentar e exibir falas adversas, atuando nos sentidos, na produção e suas dobraduras. Pensar nova arte, trabalhar na construção diária de um olhar, que faz sonhar novamente a arte como sempre presente em nossa vida, como filosofia de existir e como coluna dorsal que sustenta criação do artista.

Será o exercício de uma ação que aproveita as ressonâncias artísticas agenciadas pela criação artística presente em cada elemento da CASA dotART e as potencializa enquanto afeto que provoca a criação naqueles que ali vão residir, pra criar sua obra no exercício que não é racional; é a sustentação da arte enquanto obra aberta, espaço-casa aberto sem fronteiras, gerando muitos novos rumos na arte: OCUPAR!

A CASA dotART é um novo espaço de pensar e saber na cidade Belo Horizonte, em parceria com Revista Ernesto, que realiza a curadoria de feitos e pensamentos. A cada 8 meses, 2 artistas serão convidados para criar seu atelier e viver no espaço da casa, abordando os temas centro, território e conviver junto, de forma específica, e criação de forma geral.