O DIA SE RENOVA TODO DIA
A arte a partir da filosofia e da subjetividade na criação, dando ênfase aos sentimentos trazidos da relação do homem com o objeto de arte. A dotART galeria como uma nova incubadora de ideais, com novos pensamentos e um novo conceito, criando uma rede de cultura, de educação e inovação. E uma exposição que traz para o público o melhor da arte atual brasileira e internacional: é “o dia que se renova todo dia”.
Há um caminho a folhear, percorrer “as páginas” da exposição como uma poesia visual, um livro que seduz na leitura dos contos imaginários dessa coletiva com curadoria de Wilson Lazaro.
Lançamento dos livros-obra Galáxias de Antonio Dias e Galpão Gaveta de Paulo Climachauska
Natureza-Paisagens: Adriana Varejão, Janaina Tschape, Anish Kapoor, Leonilson, Cássio Vasconcellos, Pedro Varela, Paul Morrison, Richard Serra, Frans Krajcberg, Marina Rheingantz
Corpo-Sedução: Rubem Ludolf, Tomás Saraceno, Ivan Navarro, Philip Decrauzat, Lygia Pape, Rubem Valentim, Rubens Ianelli, Alexander Calder, Iole de Freitas
Visões Políticas-Arquiteturas-Visuais: Nelson Felix, Cildo Meireles, Michael Craig-Martin, Antonio Dias, Paulo Pasta, Paulo Climachauska, Volpi, Vik Muniz, Andy Warhol, Amilcar de Castro, Sara Ramo
Ação-Atitude: Julio Le Parc, Wanda Pimentel, Lucia Laguna, Marina Saleme, Celso Orsini, Nelson Leirner, Paulo Campinho, Anna Maria Maiolino, Roberto Magalhães, Victor Arruda
Natureza-paisagens
Essa parte da mostra é ao mesmo tempo sedutora, atordoante, simples e exuberante. As criações de alguns artistas oscilam num embate direto entre a objetividade e a racionalidade, de forma desconcertante. Há um claro entendimento da relação entre natureza e cultura. Tecidas a partir da entrega à experiência da criação, estão as obras dos artistas: Adriana Varejão, Janaina Tschape, Anish Kapoor, Leonilson, Cássio Vasconcellos, Pedro Varela, Paul Morrison, Richard Serra, Franz Krajberg e Marina Rheingantz.
Corpo-sedução
Poderia chamar-se desejo-geometria, um discurso sobre o corpo que implica a dimensão e o volume da pintura. O corpo como campo de mediação entre sensações: sentir o espaço entre os corpos e cores. São cenas de representação do desejo, do erotismo que caracteriza o modernismo brasileiro. Momentos de diversidade, de transição entre a realidade e o imaginário, de desejo, de sentir as superfícies da construção e concretização da cor em geometria e curvas. Um olhar cinético que transita na criação dos artistas: Rubem Ludolf, Tomás Saraceno, Ivan Navarro, Sarah Morris, Philipe Decrauzat, Lygia Pape, Rubem Valentim, Rubens Ianelli, Alexander Calder e Iole de Freitas.
Visões políticas-arquiteturas visuais
São fragmentos sociais da poesia contemporânea do dia a dia. Discussões políticas e culturais. Essa parte da exposição mostra a importância do cotidiano nas experiências pessoais, a constante preocupação da ocupação das cidades, uma geografia humana como metáfora da humanidade hoje. A representação do corpo social, ou do corpo político, tem encontrado inúmeras expressões, de pontos de vista por vezes contraditórios, mas sempre sob o entendimento coletivo dos processos corporais e movimento sociais. Mas também pode estar no consumo pop da arte atual. Aqui está expressa pelos artistas: Nelson Felix, Cildo Meireles, Michael Craig-Martin, Antonio Dias, Paulo Pasta, Paulo Climachauska, Volpi, Andy Warhol, Vik Muniz e Amilcar de Castro
Ação-atitude
Essa é uma parte da exposição invadida pelos circuitos artísticos da emoção. Conceitualmente, existe uma tensão entre o sujeito e o objeto visível, uma relação afetiva cujo resultado final é muitas vezes inesperado. No confronto entre o artista e o espectador pode revelar-se uma obra aberta: o público cria, descobre e sonha; aqui, vai viver emoções junto com os artistas Wanda Pimentel, Lucia Laguna, Marina Saleme, Celso Orsini, Nelson Lerner, Anna Maria Maiolino, Julio Le Parc, Paulo Campinho, Victor Arruda e Roberto Magalhães. Essa mostra coletiva resume-se em amor à arte. Sem dúvida, todos os artistas aqui apresentados tem um envolvimento amoroso com a ideia da arte e da criação. Vamos desfrutar deste resultante prazer agora…
Galáxias Antonio Dias
Projeto desenvolvido por Antonio Dias junto com Haroldo de Campos (1929-2003) no começo da década de 1970, “galáxias” leva o mesmo nome do famoso livro-poema do poeta concretista. Mais de quarenta anos depois, o projeto ganhou a participação da designer Lucia Bertazzo em sua produção.
Com edição de 93 exemplares, e grande formato – 70cm x 50cm com 7cm de altura – “galáxias” é um estojo de fibra de vidro revestido em tecido, que contém, em cada exemplar, uma “constelação”, numerada e assinada pelo artista no verso.
Dentro do estojo encontram-se 32 objetos artísticos, agrupados e acondicionados em dez caixas de madeira impressa com peles, tema presente na obra do artista.
Esses objetos de arte – todos foram realizados manualmente – reveem a trajetória artística de Antonio Dias no período dos anos 1970. Livro de artista? Mais do que isso: uma instalação in the box!
A realização de “galáxias”, a cargo da UQ/ Aprazível Edições, demandou quatro anos de cuidadoso trabalho, com centenas de provas e protótipos, e grande diversidade de materiais empregados: tecido, acrílico, foam, plástico, algodão, pergaminho. As formas de impressão também variam entre fotogravura, tipografia, hot stamping, serigrafia e au pouchoir.
Metade da edição foi adquirida por colecionadores e importantes museus; MAC de Niterói (Coleção João Sattamini), MAM Rio (Coleção Gilberto Chateaubriand), Pinacoteca de São Paulo, e MoMA de Nova York.
Galpão Gaveta – Paulo Climachauska
Uma gaveta pode ser uma obra de arte? Pode.
Uma não, muitas. O Galpão Gaveta, invento que se atribui ao artista Paulo Climachauska, traz dentro de si uma multidão de objetos. Vamos contar?
- Um estojo em aço pintado na cor laranja, de 50 x 40 cm (9cm de altura) que contém… uma gaveta!
- A gaveta, por sua vez, contém seis outros objetos.
- O primeiro é uma pintura original sobre cartão telado em cada exemplar. Isso mesmo que você está lendo: um original em tinta acrílica, assinado no verso.
- O Livro de Areia, revestido em tecido, traz arabescos gráficos do que se passa pela cabeça do artista.
- Já o Livro dos Espelhos, também revestido em tecido, se entreabre num firmamento de números (você sabe que nosso artista adora números, não é?).
- Outro estojo contém cinco gravuras e um surpreendente texto, todos impressos em serigrafia sobre acetato, revelando galpões em perspectiva aqui denominados de “Catedrais”.
- Uma dupla de esquadros em aço niquelado sai do berço da caixa e ficam de pé, como se esculturas fossem.
A estes sete números, junta-se o da tiragem: 18 exemplares, que serão lançados pela Galeria dotART. No texto que acompanha a obra de 7 itens e 18 exemplares está escrito:
“O Galpão Gaveta, este que você acabou de ler, começou a ser habitado em junho de 2012. Galpão é o lugar em que o extrato dos seres e o sumo das coisas se depositam. Eles podem ser habitados, sim!, por poéticas e por traços. É o que decidiu fazer Paulo Climachauska ao recolher réguas e compassos, telas e tintas, papéis e espelhos. Tudo colecionado dentro de seu imaginário e transformado em matéria-viva: O Galpão Gaveta.”