Toda forma de suspiros…
Em tempos bicudos de avanço da intolerância no mundo, na arte, na vida… esta nossa exposição elege o belo, o amor como resposta; saída, diálogo, intervenção, natureza, delicadeza formam o tema central das mostras apresentadas pelos artistas Regina Vater e Efrain Almeida.
Apresentamos não só o amor, mas o amor muito bem acompanhado pela criação desses artistas. É o amor pela arte, que movimenta artistas e ativistas em busca de ideias e atitudes que possam mudar a sociedade:
“Todo ser em movimento / é perigoso / todo ser que se transforma / incomoda”, escreveu o poeta Paulo Leminski.
É o amor pela arte que faz dos ateliês dos artistas lugares sagrados, onde suas criações despertam para um mundo poético e vivo. Reinventam, com novas formas, novas cores, esse universo chamado Arte – a única coisa que ainda não tem contraindicação. Vamos falar e desfrutar de arte, fazendo você suspirar e se emocionar, dando força e coragem ao novo ano que está para chegar.
Força para toda forma de admirar amor e arte!!!
Wilson Lazaro O que é ser artista hoje, já que tudo é permitido… Vamos lá, não é bem assim, concorda? Eu acredito que sua obra tem o poder de transformação pelo belo, pela poesia. Fico emocionado quando olho para ela. Conte um pouco desse seu percurso na arte.
Efrain Almeida Ser artista , historicamente, nunca foi uma tarefa fácil . Nossa responsabilidade aumentou imensamente. Estamos passando por momentos caóticos, os problemas estão se agravando cada dia mais, vivemos uma grande sucessão de crises, não só no Brasil, mais sim no mundo. Todos os valores éticos, culturais, sociais e econômicos estão sendo totalmente tensionados e polarizados.
A Arte sempre foi o lugar do sensível da criatividade e da transgressão. Obviamente, diante do quadro histórico atual a arte te sido vítima de ataques conservadores. Temos que acreditar na arte como ferramenta de transformação. Fazer arte e em alguma medida fazer política.
Meu trabalho sempre foi ligado a minha história pessoal. “Artista nordestino sertanejo que se mudou para o Rio na adolescência”.Trabalho com imagens que estão sempre ligadas à minha origem e minha identidade. Tenho um grande interesse pela manufatura, pelo artesanal . Tenho como foco central a escultura e o desenho. Gostos de pensar o que está além da imagem, a memória e o simbólico. Mexer com sentidos que são individuais e coletivos.
WL Sinto que você tem um poder para uma doce revolução com sua criação, sua obra faz pensar. Isso acontece pelo fato de ser professor ou artista? Isso faz parte do processo de realização suas obras e seu conceito artístico do trabalho?
EA Acredito que as grandes revoluções passam pelas pequenas transformações diárias. Não me considero um professor e sim um artista que ministra umas aulas de artes. Tenho rigor, acredito na arte como a minha religião. Minha vida e dedicado ao meu trabalho artístico. Quando vejo pessoas com interesses que não são vivências , considero um desrespeito as minhas crenças.
WL Qual o caminho hoje da arte no seu processo de criar, já que estamos vivendo momentos estranhos no planeta?
EA O caminho e sempre seguir a sua verdade. Isso pode parecer ingênuo o tolo ou até mesmo romântico. Eu acredito em intuição. E como olhar para dentro de si.
WL Sinto o amor, o humor, o despudor, o frescor, a poesia, a musicalidade, a cultura, a maluquice saudável da criação em você! Isso desperta orgulho da nossa arte, com você os sonhos se tornam realidade para os admiradores de uma boa obra de arte. Como você vê isso ?
EA Essa exposição aqui que chamo de Desnatureza parte da observação de coisas cotidianas, coisas que me despertam outros sentidos e que me fazem articular pensamentos, que não são somente sobre a simples representação. Olhar um filhote de passarinho que acabou de nascer, imaginar que ele vai abrir os olhos e ter contato com o mundo Talvez esse pássaro seja a peça me faz pensar na grande revolução da arte, que nos faz olhar para as coisas como se fosse pela primeira vez.
